FESTAS E DIVERSÕES
Antes eram muitas e variadas e na nossa infância todos os domingos eram dias de convívio, animação, convívio salutar. Os homens faziam jogos como o fito, o jogo do ferro e outros; os rapazes e raparigas o jogo da roda, do cântaro, os bailes na praça. Os garotos tinham muitos e diversos jogos e divertimentos. O jogo do feijão, a bilharda, o jogo do sapo, o tiro-liro, o arranca cevada, a bandeira, etc.
As festas começavam em Janeiro com o Ano Novo, comemorado em associação com a liturgia religiosa. Nesse dia arrematava-se, há alguns anos, o Ramo, constituído por ofertas de produtos diversos, desde fumeiro como chouriças, salpicões, alheiras, até laranjas, doces diversos, onde o pão de ló ocupava um lugar especial, acompanhados com as respectivas bebidas como o licor de canela, café, vinho fino. Seguiam-se os Reis, que se cantavam e pediam de porta em porta e eram sobretudo os enchidos que era mais habitual dar aos grupos de cantadores. O Entrudo, que se estendia dos Reis ao Carnaval era uma época de farra e algazarra, os rapazes pela noite dentro corriam o entrudo a quem julgavam que merecia. No Carnaval enterrava-se o entrudo e diziam-se versos .
Na Páscoa realizava-se a Visita Pascal, que criava um ambiente de abertura, convívio e alegria. As mondas e colheitas estavam impregnadas do seu lado de diversão e alegria, pelo convívio que se desenvolvia, pelas piadas que se diziam e picardias que se faziam e que ajudavam a suportar as pesadas labutas agrícolas. Os Santos Populares tinham uma marca própria, com as fogueiras de belas luzes e canafechas, as competições físicas entre pastores e boeiros. A festa propriamente dita era, e continua a ser, a 15 de Agosto, dedicada a Nossa Senhora da Glória, que tem uma Capela no monte sobranceiro ao Peredo. A parte religiosa contemplava missa solene, procissão e a missa aos fiéis defuntos no dia 16 de Agosto. Combinava-se com música de altifalante, fogo de artifício, banda de música. Os momentos fixos era a alvorada com a chegada da banda e a volta ao povo, seguida da distribuição dos músicos pelos mordomos. A missa solene era da parte da manhã e antecedia o almoço, respeitado como um momento de convívio familiar e com a presença de convidados. Da parte de tarde vinha a arrematação, jogos populares e tempo de convívio entre os festejantes. A procissão fazia-se num ambiente de respeito sagrado e as oferendas e promessas eram cumpridas ao longo do povo por todos os Santos que tinham lugar na Igreja e que seguia com o andor de Nossa Senhora da Glória e S. sebastião até à Capela da Santa. O arraial do primeiro dia era no largo da capela e os mordomos serviam café, bebidas, ofereciam quermesses, que revertiam para as despesas da festa. No dia 16, o arraial mudava-se para o largo da Amoreira e a confraternização entre os naturais do Peredo tornava-se mais natural, com serviço de frango assado, bebidas e caldo verde. A música de altifalante ouvia-se ao longo dos dois dias que durava a festa, por vezes, continuada no terceiro dia em que os mordomos faziam as contas, enfim, um dia festivo para a organização.
Nos Santos, comemorados no dia um de Novembro, os garotos iam de taleigas na mão pedir, de casa em casa, os santórios. As pessoas ofereciam, então, figos, nozes, amêndoas. Os mais crescidos continuaram o hábito e recebiam mesas recheadas de frutos secos, mas também de muita e variada comida e bebida.
O dia de Natal era comemorado de forma especial e os rapazes, que se prezavam, no dia 24 de Dezembro iam "buscar" a fogueira do galo. Após a missa do galo, iniciada à meia noite, acendia-se e servia de aquecimento e de incentivo ao convívio de todos os "pedranos" e, sobretudo, daqueles que faziam, e continuam a fazer, da noite do Galo, aquela em que ninguém se deita.
António Manuel Andrade
Antes eram muitas e variadas e na nossa infância todos os domingos eram dias de convívio, animação, convívio salutar. Os homens faziam jogos como o fito, o jogo do ferro e outros; os rapazes e raparigas o jogo da roda, do cântaro, os bailes na praça. Os garotos tinham muitos e diversos jogos e divertimentos. O jogo do feijão, a bilharda, o jogo do sapo, o tiro-liro, o arranca cevada, a bandeira, etc.
As festas começavam em Janeiro com o Ano Novo, comemorado em associação com a liturgia religiosa. Nesse dia arrematava-se, há alguns anos, o Ramo, constituído por ofertas de produtos diversos, desde fumeiro como chouriças, salpicões, alheiras, até laranjas, doces diversos, onde o pão de ló ocupava um lugar especial, acompanhados com as respectivas bebidas como o licor de canela, café, vinho fino. Seguiam-se os Reis, que se cantavam e pediam de porta em porta e eram sobretudo os enchidos que era mais habitual dar aos grupos de cantadores. O Entrudo, que se estendia dos Reis ao Carnaval era uma época de farra e algazarra, os rapazes pela noite dentro corriam o entrudo a quem julgavam que merecia. No Carnaval enterrava-se o entrudo e diziam-se versos .
Na Páscoa realizava-se a Visita Pascal, que criava um ambiente de abertura, convívio e alegria. As mondas e colheitas estavam impregnadas do seu lado de diversão e alegria, pelo convívio que se desenvolvia, pelas piadas que se diziam e picardias que se faziam e que ajudavam a suportar as pesadas labutas agrícolas. Os Santos Populares tinham uma marca própria, com as fogueiras de belas luzes e canafechas, as competições físicas entre pastores e boeiros. A festa propriamente dita era, e continua a ser, a 15 de Agosto, dedicada a Nossa Senhora da Glória, que tem uma Capela no monte sobranceiro ao Peredo. A parte religiosa contemplava missa solene, procissão e a missa aos fiéis defuntos no dia 16 de Agosto. Combinava-se com música de altifalante, fogo de artifício, banda de música. Os momentos fixos era a alvorada com a chegada da banda e a volta ao povo, seguida da distribuição dos músicos pelos mordomos. A missa solene era da parte da manhã e antecedia o almoço, respeitado como um momento de convívio familiar e com a presença de convidados. Da parte de tarde vinha a arrematação, jogos populares e tempo de convívio entre os festejantes. A procissão fazia-se num ambiente de respeito sagrado e as oferendas e promessas eram cumpridas ao longo do povo por todos os Santos que tinham lugar na Igreja e que seguia com o andor de Nossa Senhora da Glória e S. sebastião até à Capela da Santa. O arraial do primeiro dia era no largo da capela e os mordomos serviam café, bebidas, ofereciam quermesses, que revertiam para as despesas da festa. No dia 16, o arraial mudava-se para o largo da Amoreira e a confraternização entre os naturais do Peredo tornava-se mais natural, com serviço de frango assado, bebidas e caldo verde. A música de altifalante ouvia-se ao longo dos dois dias que durava a festa, por vezes, continuada no terceiro dia em que os mordomos faziam as contas, enfim, um dia festivo para a organização.
Nos Santos, comemorados no dia um de Novembro, os garotos iam de taleigas na mão pedir, de casa em casa, os santórios. As pessoas ofereciam, então, figos, nozes, amêndoas. Os mais crescidos continuaram o hábito e recebiam mesas recheadas de frutos secos, mas também de muita e variada comida e bebida.
O dia de Natal era comemorado de forma especial e os rapazes, que se prezavam, no dia 24 de Dezembro iam "buscar" a fogueira do galo. Após a missa do galo, iniciada à meia noite, acendia-se e servia de aquecimento e de incentivo ao convívio de todos os "pedranos" e, sobretudo, daqueles que faziam, e continuam a fazer, da noite do Galo, aquela em que ninguém se deita.
António Manuel Andrade