quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

FESTAS E DIVERSÕES



FESTAS E DIVERSÕES

Antes eram muitas e variadas e na nossa infância todos os domingos eram dias de convívio, animação, convívio salutar. Os homens faziam jogos como o fito, o jogo do ferro e outros; os rapazes e raparigas o jogo da roda, do cântaro, os bailes na praça. Os garotos tinham muitos e diversos jogos e divertimentos. O jogo do feijão, a bilharda, o jogo do sapo, o tiro-liro, o arranca cevada, a bandeira, etc.
As festas começavam em Janeiro com o Ano Novo, comemorado em associação com a liturgia religiosa. Nesse dia arrematava-se, há alguns anos, o Ramo, constituído por ofertas de produtos diversos, desde fumeiro como chouriças, salpicões, alheiras, até laranjas, doces diversos, onde o pão de ló ocupava um lugar especial, acompanhados com as respectivas bebidas como o licor de canela, café, vinho fino. Seguiam-se os Reis, que se cantavam e pediam de porta em porta e eram sobretudo os enchidos que era mais habitual dar aos grupos de cantadores. O Entrudo, que se estendia dos Reis ao Carnaval era uma época de farra e algazarra, os rapazes pela noite dentro corriam o entrudo a quem julgavam que merecia. No Carnaval enterrava-se o entrudo e diziam-se versos .
Na Páscoa realizava-se a Visita Pascal, que criava um ambiente de abertura, convívio e alegria. As mondas e colheitas estavam impregnadas do seu lado de diversão e alegria, pelo convívio que se desenvolvia, pelas piadas que se diziam e picardias que se faziam e que ajudavam a suportar as pesadas labutas agrícolas. Os Santos Populares tinham uma marca própria, com as fogueiras de belas luzes e canafechas, as competições físicas entre pastores e boeiros. A festa propriamente dita era, e continua a ser, a 15 de Agosto, dedicada a Nossa Senhora da Glória, que tem uma Capela no monte sobranceiro ao Peredo. A parte religiosa contemplava missa solene, procissão e a missa aos fiéis defuntos no dia 16 de Agosto. Combinava-se com música de altifalante, fogo de artifício, banda de música. Os momentos fixos era a alvorada com a chegada da banda e a volta ao povo, seguida da distribuição dos músicos pelos mordomos. A missa solene era da parte da manhã e antecedia o almoço, respeitado como um momento de convívio familiar e com a presença de convidados. Da parte de tarde vinha a arrematação, jogos populares e tempo de convívio entre os festejantes. A procissão fazia-se num ambiente de respeito sagrado e as oferendas e promessas eram cumpridas ao longo do povo por todos os Santos que tinham lugar na Igreja e que seguia com o andor de Nossa Senhora da Glória e S. sebastião até à Capela da Santa. O arraial do primeiro dia era no largo da capela e os mordomos serviam café, bebidas, ofereciam quermesses, que revertiam para as despesas da festa. No dia 16, o arraial mudava-se para o largo da Amoreira e a confraternização entre os naturais do Peredo tornava-se mais natural, com serviço de frango assado, bebidas e caldo verde. A música de altifalante ouvia-se ao longo dos dois dias que durava a festa, por vezes, continuada no terceiro dia em que os mordomos faziam as contas, enfim, um dia festivo para a organização.
Nos Santos, comemorados no dia um de Novembro, os garotos iam de taleigas na mão pedir, de casa em casa, os santórios. As pessoas ofereciam, então, figos, nozes, amêndoas. Os mais crescidos continuaram o hábito e recebiam mesas recheadas de frutos secos, mas também de muita e variada comida e bebida.
O dia de Natal era comemorado de forma especial e os rapazes, que se prezavam, no dia 24 de Dezembro iam "buscar" a fogueira do galo. Após a missa do galo, iniciada à meia noite, acendia-se e servia de aquecimento e de incentivo ao convívio de todos os "pedranos" e, sobretudo, daqueles que faziam, e continuam a fazer, da noite do Galo, aquela em que ninguém se deita.

António Manuel Andrade

DESPORTO

DESPORTO


Apesar da desertificação que sofreu em termos de pessoas residentes, o Peredo tem mantido uma intervenção desportiva muito rica nos últimos anos, pela paixão e carinho dos que ficam e dos que aparecem sempre que é necessário. Através do Grupo Desportivo, Recreativo e Cultural de Peredo dos Castelhanos, desde os primeiros Jogos Concelhios, que se costumam realizar por volta das comemorações do 25 de Abril, que o Peredo tem estado presente e competitivamente em diversas modalidades. Nos desportos colectivos como futebol de salão e voleibol foi várias vezes campeão ou disputou os primeiros lugares.
Nos jogos populares, sueca e outros marcou presença com bastante frequência e trouxe alguns prémios apreciáveis. No ténis de mesa deu cartas vários anos.
Nos últimos anos, é no futebol de salão que se tem investido mais e, quer nos Jogos Concelhios, quer nos torneios de Verão em Carviçais, Ligares , Moncorvo e outros lugares para que é frequentemente convidado, o Peredo vem acumulando taças e desportivismo em todos os lugares. Se for ao café da Junta de Freguesia pode certificar-se do que dizemos, em 2002 ganhou o primeiro prémio em três desses torneios.
Por tudo isso se canta "linda terra é o Peredo, bem linda se pode chamar, tem Nossa Senhora da Glória , ao cima do carrascal... Ai quem vale são os do Peredo, pela mocidade que tem" (Extracto da canção do Peredo)

PASSEIOS

PASSEIOS


O Peredo tem entrado em diversos passeios de Todo Terreno, quer organizados pelas respectivas federações , quer por grupos particulares . Surge igualmente , de forma parcial em passeios de carro do Guia do Expresso, o que demonstra o atractivo das paisagens sobretudo das ladeiras para o Douro. Na época da flor da Amendoeira o Peredo oferece um leque variado de campos floridos, seja nas ladeiras do Douro, seja nos planaltos junto da aldeia, o que permite um período bastante longo de observação desse espectáculo inesquecível.

Apesar do abandono a que foi votado o amendoal nos últimos anos , o Peredo oferece , ainda , seguramente dos campos mais belos em termos de amendoeiras floridas.
Nas outras épocas do ano o Peredo oferece , igualmente belíssimas paisagens, desde as escarpas do Douro, até aos vales apertados e terras inclinadas dos ribeiros e da ribeira e nas proximidades dos campos do planalto, outrora cultivados na sua totalidade. Em centenas de hectares encontramos hoje um revestimento natural, de moitas, giestas, carvalhos, carrascos, zimbros, azinheiras, saracepas, cornalheiras, tomelos, etc. , na designação de plantas e arbustos locais.
O Peredo oferece mais de 60 Km de estrada térrea para passear como desafio à iniciativa dos mais aventureiros. Sozinho ou em grupo poderá desfrutar de agradáveis passatempos. Os passeios a pé, corrida, de bicicleta e de burro ou de macho são cada vez mais atractivos e, nas férias, cruzamo-nos com frequência com muitos dos seus amantes, seja nos planaltos ou nas encostas junto ao rio ou à ribeira.

Não podemos deixar de realçar na paisagem do Peredo os pombais, muitos deles centenários. Pela quantidade ou pela beleza e variedade das suas formas existe um conjunto que não fica a dever nada aos que tão bem têm sido realçados no Parque do Douro Internacional.
A. M. Andrade

Tempos Livres

TEMPOS LIVRES


A Caça

Ouvimos, em surdina, que Miguel Torga teria comentado para o Doutor Urbano, um médico local que foi seu colega em Coimbra e partilhava com ele a paixão da caça, que "não há coisa mais bonita do que uma perdiz derrubada de asa nas ladeiras do Peredo". O Peredo foi desde sempre uma terra com caçadores afamados, que tinham encomendas lá de baixo e alguns vinham para levar o cinturão cheio, entretanto arranjadas pelos caçadores do Peredo nos dias anteriores . A perdiz, o coelho e a lebre eram abundantes quando se semeava até nas ladeiras do Douro. Nessa altura dava para satisfazer a pesquisa dos ninhos pelos garotos, as regaçadas de ovos das mulheres nas mondas, as enchoses e as aboíses dos caçadores furtivos e ficava muita caça para a época em que ao Peredo afluíam grande quantidade de caçadores que ao longo de três meses eram turistas assíduos e calcorreavam as ladeiras no ânsia e proveito de peças saborosas.
Nas últimas duas décadas deu-se a derrocada, os caçadores são mais que as perdizes. Em vez de caça começaram a levar outras coisas. A caça clandestina faz-se tanto à vontade como a outra, sem dias de respeito e à noite caça-se mais do que de dia. Resultou o desânimo completo, a insatisfação de centenas de quilómetros corridos em vão e, se nos primeiros dias da abertura da caça, ainda víamos alguns grupos a petiscar nos cabeços a merenda que tinham trazido, depressa deixavam de aparecer. Pensamos que, felizmente, alguma coisa foi feita para inverter esta tendência para a destruição da caça e voltar a fazer da caça um roteiro turístico privilegiado, que o Peredo tem condições excelentes para oferecer. A caça é um bem colectivo e tem de ser preservada com regras muito claras e esperamos que a Associativa tenha a capacidade e meios adequados para pôr termo à pouca vergonha que tem lastrado nos últimos anos e que a caça seja um direito de todos os associados e não uma coutada de um grupo de espertalhões que não respeitam tempos de formação, desenvolvimento e maturação dos animais.
A. M. Andrade

GASTRONOMIA

GASTRONOMIA

Maria de Lurdes Modesto na sua Cozinha Tradicional Portuguesa, nas páginas 76 e 77, destaca os canelões de Penedo dos Castelhanos. Desculpamo-lhe a inexactidão da designação da aldeia e , apesar de apreciarmos os canelões, destaco com maior apetite os almendrados, as cavacas, as amêndoas cobertas e outros doces por aqui confeccionados. A doçaria entra na memória dos "pedranos" como um complemento apetitoso dos dias festivos. Os económicos e as súplicas eram os mais comuns. As cavacas e os canelões também entravam nas famílias mais remediadas e os almendrados e amêndoas cobertas só nas casas mais ricas, que a amêndoa não podia ser "desperdiçada" por todos. Há pouco tempo (1999) o Instituto de Emprego e Formação Profissional promoveu um curso de Gastronomia e Doçaria Tradicional no Peredo. Aqui foram encontradas as formadoras que ensinaram os segredos de fabrico destas especialidades a um grupo de cerca de 15 formandas, na sua maioria jovens. Os almendrados, amêndoas cobertas, cavacas, canelões, etc. foram colocados em feiras na região ( Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Vila Nova de Foz Côa) e até a nível nacional, como na EXPONOR e em Vila do Conde e não havia mãos a medir para atender aos pedidos. Alguns colegas, homens e mulheres, que puderam provar estas especialidade ainda falam com saudade delas e dizem não haver comparação com as que os doces correspondentes que se encontram nas lojas . Infelizmente, nenhuma das formandas ou formadoras se agarrou à arte e se queremos provar essas especialidades só por encomenda, mas a disponibilidade de algumas delas existe mediante encomenda atempada.

A Gastronomia é equivalente à da melhor das regiões transmontanas, a começar pelos enchidos de porco, chouriças, salpicões, azedos, morcelas pretas eram os mais utilizados tradicionalmente, ultimamente dá-se bastante importância às alheiras. Os pratos típicos do Peredo são muitos e variados, enunciamos como referência especial as migas de bacalhau e de ovo, borrego assado ou refogado com batatas ou ensopado, as postas de bacalhau, semelhantes às pataniscas doutros lugares, salpicão de osso com grelos, ou o presurelho, as azedas, as baldoregas, que acompanham todo o tipo de refeições, etc.

Os queijos são feitos manualmente, em que o tipo de mãos, querem-se frias, do coalho, de cardo ou do boche de cabrito ou borrego, fresco ou curado, guardado nas temperaturas frescas das adegas ou nas panelas de azeite, chega a conservar-se mais de dois ou três anos. Saboreados diz-se que não há melhor e acompanhados com azeitonas e pão caseiro ou bola de azeite, de preferência com um pedaço de salpicão, chouriça ou presunto deixa-nos deliciados, se não esquecermos uns copos daquele vinho que sai directamente da pipa como entrou do pio.
A.M.Andrade
Texto e Imagens

ACTIVIDADES ECONÓMICAS



ACTIVIDADES ECONÓMICAS

A Corografia Portugueza de Carvalho da Costa descreve a Abbadia de Peredo da seguinte maneira: "tem cem visinhos, Abbadia da Mitra Primáz, que rende cem mil reis; além da Igreja Matriz tem duas Ermidas, & dezasete fontes, mas as mais dellas secão de Verão, com que he muito falto de agua, & tambem de lenha, pouco, sádio, abundante de trigo, algum vinho, pouco azeite, muitos figos, & amendoas, de que alguns annos recolhe seiscentas arrobas, que se conduzem para varias partes do Reyno"A Igreja Matriz e as duas Ermidas mantêm-se com a designação de Capela da Santa Cruz e Capela de Nossa Senhora da Glória. As dezassete fontes são hoje reconhecidas como um património público tradicional e como tal são estimadas e estão distribuídas pelos diversos caminhos que partem da aldeia em direcção aos vários lugares do termo do Peredo. Tem havido um interesse, pelos responsáveis dos destinos do Peredo, em conservar as fontes e existe a intenção de expor à admiração das pessoas que nos visitam o maior número dessas fontes. As três fontes existentes no centro da aldeia estão reconhecíveis, duas delas sempre estiveram ao serviço público e uma delas foi recuperada em 2002.


A falta de água é hoje controlada pela rede pública que é abastecida a partir da barragem do Arroio e mesmo no pico do Verão e com a afluência forte das pessoas que vivem fora durante o ano.
As produções agrícolas continuam a ocupar a maioria das pessoas que vivem no Peredo, embora as ordem de prioridade se tivesse alterado nos últimos anos. O Peredo foi das aldeias que mais usufruiu das compensações da Comunidade Europeia e tem uma elevada percentagem de produção de vinho generoso, que tem vindo a ser aumentada nos últimos anos. Setembro tornou-se o mês das azáfamas agrícolas com as vindimas. Abastece com qualidade e em quantidade as Cooperativas de Moncorvo e Foz Côa e algumas Casas Vinícolas sediadas no Pocinho. Sem termos dados precisos da sua produção é, sem dúvida, a principal, produção agrícola do Peredo, naturalmente daí advindo uma riqueza acrescida para os que a ela se dedicam. O olival é actualmente a segunda actividade mais prestigiada e à que se dedica mais investimento. O Peredo produz bastante e boa azeitona de conserva, a “Negrinha de Freixo” é produzida aqui, como "borraceira", há séculos e as características do solo e do clima são iguais às da zona de Freixo e Poiares, pelo que a qualidade é mais que garantida. A produção de azeite é igualmente muito satisfatória e tem havido uma forte aposta na renovação dos olivais pelo que a produção tem tendência para aumentar. A amêndoa ocupava tradicionalmente, a par do cultivo de cereais, a principal produção do Peredo. Em termos proporcionais à sua extensão o Peredo devia ser das aldeias do Alto Douro que produzia mais amêndoa. Na década de setenta, quando em 1970 se vendia uma arroba de amêndoa em miolo por quinze contos. Com a descida do preço, os amendoais tradicionais foram abandonados e poucos são hoje tratados e a amêndoa fica por lá na maioria dos casos. Apesar disso houve nos últimos anos algum investimento, com os apoios do IFADAP, que permitem observar algumas boas extensões de amendoeiras e talvez obter colheitas próximas das antigas no Peredo.
O cultivo dos cereais está praticamente abandonado e as ceifas e colheitas nas eiras são figuras de museu, pois já não se utilizam. O Peredo apresenta condições excepcionais para a produção da laranja Alguns pomares, de dimensões familiares, oferecem-nos laranjas das melhores que podemos provar. A produção de figo, embora tenha igualmente condições para obter excelente qualidade, está reduzida a pequenas produções familiares e ninguém trata para vender. A fruta é, na sua generalidade, de excelente qualidade, desde o pêssego, o damasco, a pêra, a maçã mas só é produzida para gasto caseiro.
O pastoreio de gado ovino é, há muitos anos, uma das actividades mais produtivas e casa com gado não faltava comida. O soro, os requeijões o queijo fresco e duro e, claro, os borregos fartavam as casas dos proprietários. Hoje, ainda, existem quatro rebanhos na aldeia, que totalizam para cima de meio milhar de ovelhas. Existiram vacas para trabalho, até às décadas de sessenta e até de setenta, que foram substituídas pelas leiteiras e que tiveram alguma importância na economia das famílias nas décadas seguintes e que, por razões diversas foram abandonadas na totalidade. Os machos e os burros servem moram em muitas lojas da povoação e servem para os trabalhos agrícolas e como meio de transporte para os prédios rústicos.
António M. Andrade
Texto e Imagens

História

HISTÓRIA

Peredo dos Castelhanos vem referenciado na Corografia Portugueza, e Descripçam Topografica do Famoso Reyno de Portugal publicado em Lisboa a partir de 1706 como Abbadia da Mitra Primaz, pertencente à Comarca de Torre de Moncorvo. Diz-nos que a designação de Castelhanos se explica "porque nos tempos antigos o forão seus primeiros habitadores". A origem da associação de Castelhanos ao Peredo é explicada, por seu lado, por António Veloso de Carvalho, como tendo acontecido no século XVI, aí teria surgido "um período de despovoamento deste local, sem se saber bem as causas. Aliás, cumpre dizer que isto aconteceu por mais de uma vez, fruto, por vezes, de invasões, e noutros casos, por razões desconhecidas. Assim, abandonadas as terras, pelo século XV e princípios do XVI, os responsáveis de Urros deram-nas a Gomes Borges de Castro, que as arrendou a oito famílias castelhanas, da Vila de Frexeneda".

Esta explicação tem certa relação com a tradição oral, transmitida, ainda hoje, no Peredo, em que as mulheres, juntamente com o padre, após os homens terem ido trabalhar para os campos, tivessem corrido com os espanhóis que vinham receber os impostos, usando pás do forno, vassouras, varapaus e outros instrumentos ameaçadores que apanharam à mão. Apesar desta aproximação parece-nos bastante simples e ingénua e somos levados a considerar outro factores históricos para a sua associação.
As referências históricas ao Peredo são mais antigas e nas Inquirições de 1258, ordenadas pelo rei D.Afonso III, aparece já o Peredo. Os seus habitantes viriam a ser obrigados, no ano de 1366, pelo corregedor do rei D.Fernando, a trabalhar nas obras do Castelo de Moncorvo. Esta participação forçada nas obras do castelo levaria o rei, em 1370, a considerar que a povoação se enquadrava melhor neste concelho, pelo que a enquadrou, juntamente com Urros, no dito concelho de Moncorvo, cortando com a ligação anterior a Freixo de Espada à Cinta

A origem do topónimo do Peredo é própria do tipo B1b da definição da Geografia de Portugal de Orlando Ribeiro. Reúne os topónimos de forma latina tardia ou portuguesa arcaica, entre eles os nomes terminados em _edo, que derivam de _etum e designa um grupo de plantas, por exemplo Matianetum = Macedo (pomar de macieiras), Fraxinetum = Freixedo (mata de freixos). Pêra vem do latim pira ou piru, que se juntarmos o sufixo _edo, daria Peredo (conjunto ou pomar de pereiras. Nas denominações toponímicas das terras do Peredo encontramos, ainda hoje, Pereira, Vale do Pereiro, o que indica que seria uma variedade de plantas muito comum no Peredo. Isto leva-nos a enquadramo-nos nos tempos em que esta "terra de fim do mundo, que , já foi o centro do mundo", no dizer de Luís Miguel Duarte, professor da Faculdade de Letras do Porto. Nos topónimos de sítios do Peredo encontramos termos como Atalaia, que remetem para pontos avançados de vigilância e o Peredo em frente à confluência do Côa com o Douro dava dupla razão para estabelecer sentinelas, pois poderiam observar-se movimentações quer do lado de Ribacôa, quer do lado portucalense de Foz Côa actual
Este termo de "Piredu" vem já mencionado no foral de 1225 de Santa Cruz da Vilariça, localidade sobranceira ao local onde desagua a ribeira da Vilariça no rio Sabor e que daria origem a Torre de Moncorvo. Uma cópia do livro dos "Estatutos e Regras" da Confraria da Santa Cruz do lugar do Peredo, de 1618, apresenta o Peredo sem a designação dos Castelhanos. A capela da Santa Cruz é natural que já existisse nesse tempo e sabemos que está em estudo, pelo IPPAR, a sua classificação como Imóvel de Interesse Público, o que releva a sua importância e traz um valor acrescentado ao património da aldeia.
António Manuel Andrade
Texto e Imagens

Descrição da aldeia

Situa-se num pequeno vale, que nasce do planalto para os declives do rio. Forma uma rua inicialmente que desemboca na Igreja Matriz , daí bifurcam duas ruas que rodeiam a aldeia e se complementam entre si. Estas duas ruas são amplas e mais airosas do que a maioria das que encontramos em algumas vilas e cidades mas nos anos sessenta eram encolhidas pelos balcões de pedra que davam acesso às casas de um lado e de outro. Descendo pelo lado esquerdo encontra-se o largo da Amoreira, pois aí existiu uma amoreira, onde está agora uma tília, a rua leva-nos ao largo da Santa Cruz, que tem a designação da capela que aí se encontra. Voltando à esquerda encontra-se a sede da Junta de Freguesia , onde funciona o único café da aldeia. É no centro da povoação onde se pode contemplar o largo das Eiras, pois aí funcionaram até há poucos anos as malhadas de trigo, cevada e centeio e os animais bovinos e cavalares de todo o povo pastavam durante o ano, sendo proibido ao gado ovino e caprino.
Em 1998 construiu-se aí o Centro de Dia/ Lar "António César" beneficiando de um protocolo entre a Junta de Freguesia e um mecenas que casou na aldeia. A instituição tem o nome de um filho do casal que faleceu na juventude e é administrada pela Associação Sociocultural de Peredo dos Castelhanos, criada para o efeito. No lado poente pode identificar-se o Cemitério, para lá chegar passa-se pelo campo de futebol. Ao redor das Eiras encontram-se os palheiros que circundam as mesmas e que vão sofrendo desgastes de mau gosto pela vontade de organização prática.
A partir do largo da Amoreira pode-se voltar à esquerda e pela rua do Canto aceder à Escola Primária, construída nos inícios dos anos sessenta, e admirar duas fontes antigas construídas em pedra xistosa. Se continuarmos a subir em frente passa-se por alguns dos palheiros que rodeiam as Eiras e no alto chegamos ao Calvário, onde se pode ter uma visão global de toda a aldeia e dos campos vizinhos e estender a panorâmica até à serra do Roboredo a Norte e expandir o olhar por montes que chegam à serra do Marão. Encravados em sulcos bem profundos observa-se o traçado sinuoso do rio. Pelo caminho em frente, que sai para os campos e era fechado por um portão de ferro, que era a forma de guardar o gado que pastava nas Eiras, chega-se à Capela de Nossa Senhora da Glória. Um belo miradouro, onde pode observar as ladeiras até ao Douro e os montes vales e planaltos que se prolongam numa excelente panorâmica.


No regresso à aldeia pode observar as habitações tradicionais que eram na sua totalidade construídas de xisto. Só a partir dos finais dos anos setenta encontramos casas de tijolo e blocos e as primeiras ramificações de estilo "fenêtre" mas , ainda, encontramos nichos apreciáveis de traça original.
Texto e imagem
António M. Andrade

Situação Geográfica

Localização


Situa-se no Alto Douro e está integrado na Região Demarcada do Douro, pertence ao denominado Douro Superior. O rio Douro avança em território nacional, desde a Barca d'Alva, em linha mais ou menos rectilínea, até que faz uma curva pronunciada para a direita no momento em que recebe as águas do rio Côa.
É em frente, no contexto dessa curva em que desagua o rio Côa , o célebre "rio sagrado", que se localiza o Peredo.
O termo da aldeia é banhado a sul e poente pelo rio Douro o que torna a sua exposição ao rio muito grande. Está inserida no concelho de Torre de Moncorvo, em posição frontal com a cidade de Vila Nova de Foz Côa. Os seus 1. 783 há de terreno estão separados a nascente pela vizinha freguesia de Urros. A norte corre a ribeira do Arroio que separa o seu termo da freguesia da Açoreira. Os seus terrenos distribuem-se pelo planalto em que se criou a aldeia e pelas encostas ou ladeiras e os vales apertados dessa ribeira e do rio Douro.

O território do Peredo define com clareza o que acontece com o Alto Douro. Uma zona que se aproxima de temperaturas tórridas no Verão, onde se pode assar sardinhas nas pedras no pico do sol. O Peredo situa-se numa região quente e seca onde os níveis de pluviosidade são dos mais fracos do país. As contradições climáticas são evidentes e num espaço de 5 a 8 quilómetros encontramos condições muito diferentes. O vale do Douro oferece-nos um clima quente na maior parte do ano e nos meses de Dezembro e Janeiro existem muitos dias em que se anda bem de camisa. As geadas só aparecem em anos excepcionalmente frios. Nos altos, que constituem o planalto que circunda a povoação as coisas são diferentes e os ventos frios sentem-se com mais frequência. A neve, mesmo quando cobre os planaltos e serras vizinhas dificilmente se agarra nas ladeiras durienses. Não existem serras e o contraste é evidente na vegetação, arbustos e plantas que se observam no Peredo e nas serras das aldeias vizinhas, não existem castanheiros, cerejeiras, pinheiros, estevas que encontramos nos planaltos e serra de Urros ou Açoreira mas que não vemos aqui.
O solo é totalmente xistoso, de relevo acidentado e até penhascoso em muitas partes nas encostas do rio e da ribeira e planáltico na parte superior, nos campos que rodeiam a povoação.
Texto e imagens
António M. Andrade

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

II Bienal do Peredo



Atenção grupo da "Inspecção do Garfo, Faca ou Mesmo à Unha", está na horinha de agendar a II Bienal do Peredo.

A I Bienal centrou-se na Gastronomia, na Paisagem, na Amizade e numa grande molha que alguns protagonistas apanharam, desde a Barca até ao centro do Peredo. Porque esta foi tão regada, já estão a crescer os apetites da II Bienal que pode tratar os mesmos temas, à excepção da chuvada (parece que ainda tenho a memória encharcada!).

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Março de 2006

" Tudo isto é o Peredo!"
A "Inspecção do Garfo, Faca ou Mesmo à Unha",com o Douro aos pés.

Na vistoria da laranja do Peredo.




Forno comunitário.



Vidas de Xisto

Sempre Douro



Mais Douro na Barca


Vidas de xisto
todos amigos
Que olhar!

A minha visita ao Peredo, em Março de 2006, à paisagem, amizade e gastronomia.