quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

GASTRONOMIA

GASTRONOMIA

Maria de Lurdes Modesto na sua Cozinha Tradicional Portuguesa, nas páginas 76 e 77, destaca os canelões de Penedo dos Castelhanos. Desculpamo-lhe a inexactidão da designação da aldeia e , apesar de apreciarmos os canelões, destaco com maior apetite os almendrados, as cavacas, as amêndoas cobertas e outros doces por aqui confeccionados. A doçaria entra na memória dos "pedranos" como um complemento apetitoso dos dias festivos. Os económicos e as súplicas eram os mais comuns. As cavacas e os canelões também entravam nas famílias mais remediadas e os almendrados e amêndoas cobertas só nas casas mais ricas, que a amêndoa não podia ser "desperdiçada" por todos. Há pouco tempo (1999) o Instituto de Emprego e Formação Profissional promoveu um curso de Gastronomia e Doçaria Tradicional no Peredo. Aqui foram encontradas as formadoras que ensinaram os segredos de fabrico destas especialidades a um grupo de cerca de 15 formandas, na sua maioria jovens. Os almendrados, amêndoas cobertas, cavacas, canelões, etc. foram colocados em feiras na região ( Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Vila Nova de Foz Côa) e até a nível nacional, como na EXPONOR e em Vila do Conde e não havia mãos a medir para atender aos pedidos. Alguns colegas, homens e mulheres, que puderam provar estas especialidade ainda falam com saudade delas e dizem não haver comparação com as que os doces correspondentes que se encontram nas lojas . Infelizmente, nenhuma das formandas ou formadoras se agarrou à arte e se queremos provar essas especialidades só por encomenda, mas a disponibilidade de algumas delas existe mediante encomenda atempada.

A Gastronomia é equivalente à da melhor das regiões transmontanas, a começar pelos enchidos de porco, chouriças, salpicões, azedos, morcelas pretas eram os mais utilizados tradicionalmente, ultimamente dá-se bastante importância às alheiras. Os pratos típicos do Peredo são muitos e variados, enunciamos como referência especial as migas de bacalhau e de ovo, borrego assado ou refogado com batatas ou ensopado, as postas de bacalhau, semelhantes às pataniscas doutros lugares, salpicão de osso com grelos, ou o presurelho, as azedas, as baldoregas, que acompanham todo o tipo de refeições, etc.

Os queijos são feitos manualmente, em que o tipo de mãos, querem-se frias, do coalho, de cardo ou do boche de cabrito ou borrego, fresco ou curado, guardado nas temperaturas frescas das adegas ou nas panelas de azeite, chega a conservar-se mais de dois ou três anos. Saboreados diz-se que não há melhor e acompanhados com azeitonas e pão caseiro ou bola de azeite, de preferência com um pedaço de salpicão, chouriça ou presunto deixa-nos deliciados, se não esquecermos uns copos daquele vinho que sai directamente da pipa como entrou do pio.
A.M.Andrade
Texto e Imagens

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